26/09/2007

O Teu Riso






Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa, a lança que desfolhas, a água que de súbitobrota da tua alegria, a repentina onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados, às vezes por ver que a terra não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida.

Meu amor, nos momentos mais escuros soltão teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono, teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera , amor,quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosada minha pátria sonora.

Ri-te da noite, do dia, da lua, ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão, quando voltam meus passos, nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria.

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